Você sabe como acontece o processamento cognitivo do texto escrito (em estágios iniciais de leitura)?




Para verificar se suas respostas estão corretas, que tal ler o material a seguir?
Não é de hoje que sabemos que Paulo Freire (2017), em A importância do ato de ler, faz
distinção entre dois sentidos da palavra ler
  • Um sentido literal, em que ler corresponde a se ler letras, palavras, livros. Essa leitura supõe a alfabetização, a aprendizagem escolar, o domínio da palavra escrita. 
  • Um sentido amplo, em que ler é “ler” o mundo, a natureza, a memória, os gestos, os sentimentos – tudo aquilo que Paulo Freire designa com o neologismo: palavramundo.

Vamos ver, na sequência, como, mesmo com foco no processamento da informação, esses dois sentidos se articulam, conforme Kleiman (1993)? 

Segundo a autora, o processamento da informação, considerando o sentido literal da palavra ler, conforme acima, começa pelos olhos, com a (a) percepção do material linguístico.

A memória de trabalho, então – ou seja, “a capacidade do leitor de estocar o material que está entrando mediante a percepção e [...] (b) agrupá-lo em unidades significativas com base no seu conhecimento da língua” (p. 34) – organiza o material em unidades significativas.

Na sequência, essa memória é auxiliada por uma memória intermediária – um estado de alerta que torna acessíveis conhecimentos relevantes para a compreensão do texto em questão – dentre todo o conhecimento da memória de longo prazo. 

Ainda sobre a percepção do material escrito, em cujo processo o leitor eficiente permanece no controle, sabe-se que ele é individual, embora o tipo de mecanismo utilizado seja igual para todos, qual seja: o Sacádico, em que nossos olhos não se movem de forma linear do princípio ao fim da linha, mas progridem por pequenos saltos (sacadas), a que se seguem pequenas pausas, designadas de fixações. 

Durante a sacada (saltos), a visão é apenas periférica, o que significa que “grande parte do material é adivinhado ou inferido” (KLEIMAN, 1993, p. 33). Leitura, então, do ponto de vista cognitivo, é um jogo de adivinhações (conforme conhecimento prévio). Talvez, por isso, consigamos ler textos como o abaixo destacado: 





Em síntese: 

“O leitor precisa estar em estado de “alerta perceptual”, pronto para detectar uma série de palavras cuja ocorrência no texto é previsível pelo assunto. O professor que ajuda o aluno a prever e predizer focalizando, mediantes diversas abordagens e atividades prévias à leitura, as palavras-chaves no texto, garante que, quando o aluno as encontrar, será capaz de reconhecê-las rápida ou até instantaneamente” (KLEIMAN, 1993, p. 36)


O foco, em fases iniciais de ensino de leitura, deve ser a leitura silenciosa e preservação do significado (e não correção da forma). 

Confira, agora, depois da leitura, se suas respostas iniciais quanto a esse tema estavam corretas: 




Referências bibliográficas:

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 2017.


KLEIMAN, A. B. Como lemos: uma concepção não escolar do processo. In: KLEIMAN, A. B. Oficina de leitura: teoria e prática. Campinas: Pontes; Editora da Unicamp, 1993. p. 31-47.















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