O novo ethos do letramento digital: modos de construir sentido, revolução das relações e performances identitárias fluidas

 


Os novos letramentos são caracterizados por um ethos colaborativo, em que a autoria é compartilhada e não dominada por alguém. A informação é valorizada quando é compartilhada, e a colaboração na construção do conhecimento é fundamental. A lógica tradicional de autoridade e controle sobre o dito desaparece em favor da construção autoral colaborativa e da inteligência coletiva.


Nesse novo ethos, a fluidez discursiva pode gerar múltiplas identidades coexistindo no mesmo sujeito social, enfatizando que o que somos não é uma essência interior, mas sim o resultado de nossas performances. Esse contexto desafia as noções tradicionais de identidade e oferece possibilidades ilimitadas de fluidez.

Conforme Moita-Lopes (2012, p.213) “[e]ste ethos inovador nos convida a imaginar outros futuros para a educação e para os letramentos escolares, assim como outros futuros para as nossas vidas sociais” 


Essas mudanças nos letramentos convidam a repensar a educação e as práticas escolares, reconhecendo a importância de compreender como os alunos lidam com as práticas de letramento fora da escola. Essa compreensão permite aos educadores ajudar os alunos a desenvolverem um conhecimento mais profundo sobre os processos em que estão envolvidos e a questionarem esses processos de forma crítica.


Os novos letramentos representam, ainda, um cenário em constante evolução, onde a colaboração, a fluidez e a construção coletiva de conhecimento desafiam as práticas tradicionais de letramento e oferecem oportunidades para a fluidez identitária e o desapego das performances discursivas. Esse contexto tem implicações significativas para a educação e a compreensão das práticas de letramento dos alunos.


Na era da internet, as pessoas vivenciam vidas paralelas, criando textos e personas virtuais. Isso é evidente em jogos de RPG online, nos quais os participantes constroem personagens que muitas vezes são diferentes de sua identidade real. Essa experiência ilustra o conceito de "você é quem você finge ser".



No entanto, é crucial considerar a ética e a responsabilidade nessas práticas
Devemos refletir sobre quais discursos e performances adotamos e como eles impactam os outros. A escola e a pesquisa devem aprofundar seu conhecimento sobre essas práticas para promover a reflexão em sala de aula.

Em resumo, a era digital nos apresenta a oportunidade de explorar e reinventar nossas identidades, mas isso requer uma abordagem ética e reflexiva, que deve ser incentivada na educação e na pesquisa.

Referências:


CHARTIER, Roger.  Ler sem livros.  In: revista Linguasagem,  São Carlos, v.32, Número  temático.  Discursos sobre leitores e leitura: suas representações simbólicas como tema de pesquisa. dez/2019, p. 6-17.


FIRMINO, Célia. A leitura em questão: Foucambert pela leiturização social. Interatividade. 

Andradina (SP), v.1, n. 2, 2006. Disponível em: 

<http://www.firb.br/interatividade/edicao2/_private2/firmino.htm>.


KLEIMAN, A. B. Como lemos: uma concepção não escolar do processo. In: KLEIMAN, A. B. Oficina de leitura: teoria e prática. Campinas: Pontes; Editora da Unicamp, 1993. p. 31-47.


MOITA-LOPES, L. P. da. O novo ethos dos letramentos digitais: modos de construir sentido, revolução das relações e performances identitárias fluidas. In: FIAD, R. S.
SIGNORINI, I. (orgs.). Ensino de língua: das reformas, das inquietações e dos desafios. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012, p. 204-229.











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