O que precisa saber aquele que ensina a ler?



A representação escrita da língua, conforme Sim-Sim (2001), é uma invenção cultural com “apenas” 5.000 anos de existência, não fazendo parte da nossa herança evolucionária. Por isso, diferentemente da língua oral, que não precisa ser ensinada, a leitura e a escrita têm que ser ensinadas, cabendo à escola fazer esse papel

Além disso, ensinar a ler de forma eficaz implica possuir um nível elevado de conhecimento da língua em que se ensina. Por esse motivo, formar profissionais habilitados para a aprendizagem da leitura é essencial. 

E como fazemos isso? 

Disponibilizando conhecimento a esses profissionais por meio da integração de teoria e prática, somada à experiência de leitura de cada um. 


Ademais, a aprendizagem, tanto para adultos quanto para crianças, é um processo de aquisição de conhecimento que se estabelece entre o conhecimento prévio sobre algum assunto e a nova informação. Entretanto, a diferença é que, para os adultos, o problema geralmente não é a falta de conhecimento prévio, mas sim um conhecimento incorreto e ainda difícil de ser abandonado. Por isso, aprender pode ser penoso, porque envolve perdas.

Ainda segundo a autora portuguesa, durante décadas existiu uma disputa entre processos metodológicos mal digeridos e marcados por grande carga ideológica, gerando idolatria ou condenação a certas práticas. Porém, o processo de ensino da leitura deve atender a critérios de qualidade que incorporem a riqueza de dados investigativos de forma que respeite a experiência dos professores e a necessidade das crianças

Nesse contexto, os desafios enfrentados nos últimos anos dizem respeito à dificuldade de abordar a pluralidade cultural vivida em uma metodologia que converse com a massificação da educação. 

A partir disso, a preocupação se tornou a de formar futuros docentes mais preparados e aptos a investigar e questionar sobre o conhecimento e a prática de ensino para que eles possam recolher de cada conteúdo uma informação necessária para a sua futura atuação profissional. 

Por fim, sobre a dificuldade de formar professores qualificados, Darling-Hammond, segundo Sim-Sim, aponta:

“Se os professores vão preparar um grupo, mais diverso do que nunca, de estudantes para trabalhos ainda mais desafiadores [...] eles precisarão substancialmente de mais conhecimento e de habilidades radicalmente diferentes do que a maioria possui e do que as escolas de educação atualmente desenvolvem” (DARLING-HAMMOND, 1997, p. 154).

Eis o desafio de nossos dias: uma boa formação para sermos bom formadores!



Referência:

SIM-SIM, I. A formação para ensino de leitura. In: SIM-SIM, I. (org.). A formação para o ensino da língua portuguesa na Educação Pré-escolar e no 1º Ciclo do Ensino Básico, Caderno de Formação de Professores, nº 2, 2001, p. 51-64. Disponível em: http://www.casadaleitura. org/portalbeta/bo/abz_indices/000704_FE.pdf. Acesso em 18 jul. 2023.


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